sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Bagagem




Cada passo que dou em direção ao futuro, a carga aumenta.
E se olho para traz vejo na bagunça da mala, quanta tralha!
Sento no caminho de tijolos (que não são dourados), começo a remexer a bagagem...
...vejo que guardei tanta bobagem, tantos insultos, tantos murmúrios, tantas angustias, a solidão do meu quarto escuro.
O "não" que alguém me deu também estava lá, mas não encontrei na mala quem? Só a palavra!
Cada coisa que eu retirava da miscelânea de coisas, me trazia lembranças, me impressionei com a raiva, realmente eu tinha um estoque disso guardado lá no fundo e não sabia. A tristeza as vezes também aparecia em minhas mãos, tristezas que eu guardei, e que ninguém viu, como peças brilhantes de álbum de figurinhas.
O amor também estava lá, intenso, vermelho, em algumas partes meio ressequido, meio velho, mas belo, mas sua quantidade ainda era menor do que a da raiva.
O orgulho estava nos bolsos da frente, não sei porque ele estava ali, sei que estavam.
Existiam outras tranqueiras, outros pesos.
Recolhi tudo, reorganizei a bagagem, acomodei tudo em seu lugar. Deixei um pouco de raiva para traz, e voltei a caminhar sobre os tijolos . Kelly Castilho

Um comentário:

Anônimo disse...

As vezes é preciso refazer a nossa bagagem.